quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Velhas histórias da vida



Observando a conversa de duas crianças na calçada de minha casa, pude fazer uma viajem mental e lembrar-me dos velhos assuntos conversados entre eu e meus colegas no tempo da mais pura e inocente infantilidade. Tantas brincadeiras, conversas paralelas, mentirinhas e fuxicos que foram com o passar dos anos esquecidos e cederam lugar as novas estéticas de pensamento.
            Sinto saudades de ir à escola as segundas pela manhã e falar sobre o final de semana, as novas amizades, as novas brincadeiras, as travessuras e as broncas levadas em casa. Rir de tudo sem maldade na mente, levar a vida como um pagode, não ter preocupações nem ouvir falar sobre as crises mundiais que acercam o nosso mundo.
            Sinto saudades de respirar um ar puro, de cair e chorar, mas em seguida levantar novamente. Sinto falta daquele velho estilo de criação, onde éramos soltos na rua, brincávamos e brigávamos, mas em um minuto tudo estava resolvido e fazíamos as pazes novamente. Queria voltar ao tempo em que namorar era até brincadeira e que sexo era coisa de cinema, até porque não podíamos assistir nenhum beijo de boca nas cenas de novela, pois os pais zelavam pela infantilidade e inocência mental de seus filhos.
            Sinto falta da professora do fundamental que nos aconselhava e ia de carteira em carteira ajudar-nos a fazer o exercício, e além de nos ensinar as matérias pedagógicas, nos alertava para os perigos do mundo. Parece que ela e nossas mães eram videntes e sabiam cada passo que iriamos dar.
            Hoje as crianças fumam, bebem, escutam funks pornográficos e ostentativos. Na minha infância, beber, só água ou suco, fumar só era pra Maria Florzinha e as músicas eram cantorias que passavam no rádio de pilha de meus pais.
            Passei mais ou menos uma hora nessa viajem e voltei à realidade com lágrimas nos olhos e vi que o nosso mundo avança cada vez mais para uma autodestruição, e o pior, não dá mais pra voltar àqueles velhos tempos que sempre ficarão guardados numa pontinha de nossa mente. Resta-nos agora a saudade e o gostinho de quero mais.